terça-feira, 22 de janeiro de 2013

PAU DO DESESPERO (A PALAVRA DA POETA)


A palavra da poeta é lança cortando o pau do desespero
É lucidez nos perigos desconhecidos
Feto guardado tergiversando o cordão umbilical semi-rompido,
Nu-instantâneo-antigo.

É chicote, 
Serrote que rasga,
Nesga de ferida derrotada da labuta diária.

À poeta, a palavra ilustrada.
À palavra, a espera poeta-periclitante.

Cessa-se o científico, o jurídico, o legislário.

Teto corolário de escrita.

A poeta não pensa, a poeta não age.
Re-age na ação instaurada.
Re-faz na poesia a desordem natural das coisas-caos.
A poeta quebra – com um vergar de mãos – a chibata desesperante




segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

OLHAR O MUNDO

"Aprendi a olhar para o mundo como quem observa o cair de uma primeira gota que anuncia uma tempestade"

Bárbara Esmenia



sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

PERDAS COTIDIANAS

Perdi hoje um casaco;
deslizou pela bolsa e, ingrato, pousou no chão sem se despedir

Perdi, também, o celular;
escapou de minhas mãos, caindo direto em um bueiro

Perdi, em seguida, o olho esquerdo;
fixou-se em uns cabelos que escorriam por ombros eretos

Perdi, ainda, a comunicação pelas palavras;
tentei proferir frases que estancaram com a impossibilidade de meus lábios se abrirem

Perdi, no momento seguinte, os movimentos;
vi você escapar por entre as ruas, tornando-se um ponto flutuante entre a multidão

Perdi, enfim, minha alma;
quando não mais te encontrei pela cidade, te buscando pelos mesmos caminhos pelos quais vi o ponto desaparecer

Perdi, oh não, minha vida;
quando esperei...
retornei...
retomei...
reforcei...
e nada...
apenas não amei.