São pelos pelos que descobrimos a verdadeira natureza de um ser.
Pelo modo como um pelo se afunila no peito desnudo,
pelo jeito com que se assanha ao assombro de uma língua,
pela forma pelo qual se enrosca na dobrinha da orelha.
Pelo pentelho na subida do joelho.
-Ei, fiozinho atrevido, por onde sobes pelo meu corpo?
(ah, se ele soubesse como eu me arrepio quando o vento bate ao pé do ouvido)
Mas, olhe, o pelo subiu pelos seios,
encurvou-se nas redomas,
estancou na curva leste,
acelerou à cucaracha,
prosseguiu sinal vermelho,
fez um vinco bajo à destra,
conservou-se à cor de jambo,
atingiu o belo pomo,
roçou o biquinho assanhado,
e num baque abocanhou-o.
E pelas bordas se arrepia ao calcanhar,
e pelas beiras se ajeita à beira-mar,
pelas pelancas se intimida ao giletar,
pelas pelotas se enrodilha a girar,
e pelas ancas se despede ao se corar.
Lá vai ele, pelo sacana, ralo abaixo, se indagando:
-Mas quem foi que inventou a tal da depilação?
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