O domingo pela manhã me levou o vento
Bateu flutuante pelas frestas, arrancando o pôster
pendurado na parede da garagem.
Era vento-redemoinho
Desassossego corsário de um dia sem fim.
Era vida cotidiana.
Vida besta dia-pós-dia.
Nos encontrávamos nos momentos mais banais
As gotas cortando o asfalto
Suores respingando banalidades
dias-horas-meses-possíveis-anos de uma eternidade
que quis ela possuir
Era pequena ilusão perdida
O velho Balzac martelando na cabeça;
-o título de um livro que nunca nem folheou -
Era vivência de uma possibilidade
Mais uma tentativa de um ato falho que cismava em
se prolongar
-a cadência de um membro que não cessa seu
movimento -
Era a perda de uma esperança
E a lembrança da fatalidade da vida
- o recordar que, sim, um dia tudo se vai -
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