Atitude muito utilizado ao longo da trajetória de dominação da classe reinante como tática de manutenção do poder, o desaparecimento do registro de fatos históricos que concerne à possível ruptura e destruição de um status quo deu-se sempre como prática naturalizada no decorrer dos séculos.
Tendo em vista que o estudo da história da humanidade se apresenta majoritariamente como o estudo das classes no poder, contado sempre do ponto de vista do vencedor, nada mais coerente com os ideais hegemônicos vigentes do que a ação de queima de arquivos do metrô praticada por tucanos desejosos da continuidade de historicização dos fatos sobre o ponto de vista de quem rege o poder.
No entanto, se esta análise da história contada sempre pelos vencedores, apontada por Walter Benjamin em seu texto Sobre o conceito de história, funciona indefectivelmente em toda a história da humanidade até o momento em que Benjamin a publica, em 1940, a explosão das tecnologias e, sobretudo, o uso da internet demonstra a possibilidade de, mais do que nunca, se"escrever a história a contrapelo" - tarefa a qual compete um verdadeiro materialismo histórico.
Apesar deste processo muitas vezes não se dar de modo consciente, o fato é que a velocidade de se espalhar as notícias sobre a queima de arquivos via internet gera um conhecimento e possível reflexão ampliada sobre o assunto. A partir daí, uma possível cobrança e questionamento sobre o fato se torna mais apresentável.
O que trazemos aqui não é nada novo, na medida em que é de conhecimento geral a abertura de alcance e democratização oferecida pela internet. No entanto, o que queremos chamar a atenção é o fato de que esta ação permite contar a história não mais, ou não somente, pela manutenção do ponto de vista dos vencedores, mas sim como escancaramento das ações não-éticas destes, permitindo trazer à tona uma contradição inerente a tal poder hegemônico, incitando um novo olhar ao que encontramos atualmente estabelecido.
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