sábado, 16 de novembro de 2013

VER E MIRAR - CONTEMPLAÇÃO DE UNS OLHOS MEUS (da série Fragmentos do corpo)



É olho antigo de quem muito viu.

Negrume pelota a penetrar a imensidão de um branco perdido;

Esfera infinda a contemplar os movimentos do mundo
de quem crê - descrê - persiste - insiste

[se o olho da verdade soubesse seu potencial exato, quanto de nós restaria?]

A vida cíclica de girar os andaimes do mundo

Mirada apopléxica de uma veia que bombeia

- Eu vi os mundos caindo sobre meus ombros -
- sobrevivi -
- Eu vi os dejetos de quem submergia do antro -
- sobreviveram -
- Eu vi nos imundos dos becos lembranças antigas de tempos originários -
- sobrevieram, regressaram, não mais voltaram -

-Parem agora. Para que prosseguir se o tempo que resta é o tempo frágil de um instantâneo olhar-mirada?

A possibilidade do infinito nos impõe às cegas

Vejo com meus dedos, meus poros, meus fios de cabelo, meus cílios-pentelhos

Ver a vida com veracidade de quem acredita

- como quem reza baixinho, de olho fechado, e jura ver além do concreto-materialista-

"por ora me mira. me mira-mirada na morada do mar"



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