{ notas para uma escrita:
referências positivadas y construção de novos imaginários }
elaborar uma poética que caiba no inteiro da boca. não nela fechada, hermética, congestionada impenetrante.
mas ela saliva, deslizando entre dedos, gengivas, falanges, escorrendo nos grandes lábios.
elaborar uma poética que me forneça léxicos para dizer que te desejo e/ou que te amo y que não sejam eles os mesmos do qu'escutamos nos padrões da heteronorma.
elaborar uma poética que construa seu tempo - próprio - de te lamber cantos-corpos numa nossa frequência do que podem duas ou mais mulheres tão juntas.
que nada tem a ver com o referencial da tevê, dos pornôs, de tudo que é criado sem ter nós como sujeitas de fala ativa.
elaborar uma poética em que teu cotovelo roçando a quina de meu joelho esquerdo ou meus dentes enroscados no eriçar dos pelos de teu sovaco tenham o peso da mesma semântica de quando você - na tua - se faz liberta sem mim por aí y transita os caminhos y encontros que bem queira. sem que nos corroa o ciúme, a possessão, vigilância, desconfianças.
esses são léxicos do patriarcado.
elaborar uma poética que destrone os formatos, que abale o que está dado, que questione qualquer "as coisas são desse jeito" ou "sempre foi assim".
elaborar uma poética que seja própria da gente mesmo. que configure o que é amor sapatão. quase nada referenciado na história, pouco narrado em registros pros tempos, invisibilizado no que vemos até hoje, cabendo - nós mesmas - construirmos o que é isso.
elaborar uma poética que remonte as sintaxes. que reinvente as palavras. as junções no formato das frases.
elaborar uma poética que gere episteme. y que possamos - ela e nós mesmas - construirmos legado a todas aquelas que depois de nós virão.
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