quinta-feira, 3 de maio de 2012

PERCURSOS POÉTICOS NA METRÓPOLE - TRAJETO 2: MOMENTO SOLO

Movimento único

Drummond escreveu que "Este é tempo de partido, Tempo de homens partidos".

Corro a cidade em busca de homens e mulheres inteiras, plenas, quando não à procura de rostos que já não as pertencem.

Deparo-me com cortes, barreiras.
Lombadas, cortinas.
Contornos, esteiras.
Prefixos, urinas.
Acordos tácitos, por vezes ilícitos.
Desejo de se chegar a um onde. (Aonde?)

Por ora, não fazem mais da partilha uma entrega ao tempo.
Somente quem (com)partilha migalhas merece a devoção daquele que insiste. Que busca. Em busca.
Será este um tempo perdido? Tempo de homens e mulheres perdido/as?

Olhos trêmulos pelas ruas, corpos trôpegos nas esquinas.

[era tempo de não tentar ser lírica.
mas se esqueceram de queimar A rosa do povo de minha estante]

citação:
Nosso tempo, Carlos Drummond de Andrade


Um comentário:

Geandra disse...

Querida, o que é a plenitude e a unidade? O que é possível senão a fragmentação e a incompletude? O que pode haver senão passos trôpegos construindo um caminho efêmero?