quinta-feira, 8 de novembro de 2012
terça-feira, 6 de novembro de 2012
terça-feira, 9 de outubro de 2012
VIVÊNCIA EM TEATRO DO OPRIMIDO
O Coletivo Transitório de teatro inicia um novo processo experimentando algumas vertentes do Teatro do Oprimido, idealizado por Augusto Boal.
Neste primeiro encontro, pretendemos conhecer um pouco mais a/os
participantes presentes, explicando o que é o teatro do oprimido e
experimentando na prática algumas de suas técnicas, seu arsenal de jogos
e exercícios e improvisando uma cena de teatro-fórum.
Convidamos a todas e todos para compartilharem este dia conosco.
obs.:
-vir de roupas leves e confortáveis;
-se possível, trazer algo para o café-da-tarde coletivo.
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
JOVENS DE MINHA GERAÇÃO
Pulhas de um sistema falido,
Espólios da desnutrição famélica.
Eu olhei para o lado e não encontrei os meninos de
minha geração.
Sonolentos, sonambulavam pelas avenidas alargadas por
entre os calçadões.
Espiavam dejetos, comiam miúdos, trajavam gravatas.
[O número um antecede a desgraça do zero na medida em
que este de nada vale]
O menino ainda me olha.
Queima em mim as calorias sanadas pela desmedida fome.
-Se aproxime garoto-fugaz, garoto-moleque que te vejo
agora e nos abandonamos no instante seguinte porque somos efêmeros. Não fique
um pouco mais, não te quero por mais de uma foda, meus olhos são demasiado ágeis para contemplação de seu único gozo.
Ainda por aqui? Ora, menino gemido, que coisa este insistir da vida.
Garoto-fugaz possui obediência, já partiu. É pena.
Gostei da forma como ele me tocava os ombros como quem segura fragilidades.
Avisto ao longe as meninas de minha geração. Sorriem
às largas, montadas em roupas esdrúxulas. Parecem não respirar. Manutenção do
controle.
Não sou as meninas de minha geração. Deslocada do
tempo, transito em pensamentos por outra onda que já partiu. Ou, talvez,
ainda esteja por chegar.
A insatisfação do tempo presente é a constante das
gerações.
Se meu tempo é quando, quero o tempo do onde e por
quê.
Não saimos de mãos dadas às ruas, não dizemos bom dia
à quem passa, e, no entanto, continuamos passando pelas mesmas ruas, cruzando
com as mesmas pessoas, indo dormir na metade quase exata do percurso diário da
lua, dando um beijo rápido na filha que já nanou, levantando correndo no dia
seguinte, esperando a sorte de conseguir sentar no metrô vazio que passa às
7h30, batendo o ponto computadorizado, requentando marmitas na fila de espera
do micro-ondas, ligando nossos fones de ouvidos, pagando dizimamente a condução
nossa de cada dia, enviando freneticamente o maior número possível de mensagens
por celular que a operadora aguentar. Se há tempo, encontra quem ama na
passagem rápida do metrô, acena para uma amiga, a leva no pensamento.
Onde foi parar a revolução?
Porém, contudo, ademais, além disso, são jovens da minha
geração. A mesma que não quis que assim fosse, e que por tal se tornou.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
CINECLUBE PIPOCA COM BATOM APRESENTA:
CINECLUBE - PIPOCA COM BATOM
Exibição de vídeos dirigidos por mulheres todo último sábado do mês, às 19h na Penha
Local Memorial Penha de França, Rua Betari, 560, Penha (próximo ao Metrô Penha)
ENTRADA FRANCA
Este mês exibiremos o filme:
29/Setembro
“Bicho de sete cabeças”
Direção: Laís Bodanzki
Ano 2001 (Brasil)
Duração: 74 minutos
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
FESTIVAL DE CORDEL - CENTRO DE TRADIÇÕES NORDESTINAS
Na ocasião, eu escrevi um cordel intitulado Torcicolo Cultural e enviei para o concurso, ficando na 16ª colocação. Seguem as fotos da exposição e capa de meu primeiro cordel impresso.
O cordel também está publicado aqui no blog, na página Cordéis:
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
CRÔNICA: A/OS CONTADORA/ES NOTURNA/OS
Escrito em um momento de observação - durante muitos - ocorrido em uma livraria, meu antigo trabalho.
Na ocasião, trabalhadora/es lá estavam para realizar a contagem de acervo durante uma madrugada.
Com seus aparelhos, iam bipando todos os códigos de barras de livros, cd's, dvd's, e tudo o mais que vissem pela frente.
A/OS CONTADORA/ES NOTURNA/OS
Ela/es eram a/os contadora/es noturna/os. Quando chegaram os objetos já estavam dispostos em fileiras a fim de facilitar seu trabalho. Com o rosto impassível, como quem possui um único objetivo na vida, a/os contadora/es empunham seus aparelhos eletrônicos para inserir no leitor o código de barras do produto.
São ela/es muito sérios. Como quem perdeu a vida em alguma outra paisagem e vivem a tentar recordar esses instantes já vividos. Uma/uns nasceram em paisagens naturais: nada de saneamento, comida vinda diretamente da roça, sem comunicação com o mundo exterior. Outra/os aprenderam desde cedo o que é pegar no batente, seguindo o exemplo dos pais trabalhadores explorados, porém sobreviventes. Outra/os nem sequer foi lhes ofertado um exemplo a seguir. Foram guiada/o pelos caminhos do mundo por onde o vento noroeste indicava seu rumo.
Mas no momento presente que é o de interesse da narrativa eis que estão toda/os ali, uniformizada/os prontos para o aceno de início.
Preparados?
Ação.
Tomam todos uma pilha de produtos a serem contadas e, de arma contadora em punho sonorizam o bip que confirma a validez do código.
Sérios, como convém a um trabalhador noturno.
Nem a música embalante que envolve a madrugada a/os remove do estado natural das coisas e excita seus corpos ausentes de prazeres a um remelexo nacional. Os números não se dão à musicalidade. A partitura só funciona na cabeça de quem toca. O meu olhar a ela não extrai-lhe o som.
Quem são essa/es contadora/es noturnos? Será que se eu convidá-la/os a dançar após o trabalho ela/es aceitarão? Será que no fim da jornada, sendo já observados os primeiros raios de sol, irão ela/es descansar em suas casas? Dormirão com o sol escaldante que cobre o verão brasileiro? Ou um simples descanso de poucas horas já os deixarão fortalecidos zumbimente para a próxima contagem?
Quem são esses contadora/es noturna/os?
Por mais que eu a/os olhe, observe-a/os dos pés à cabeça, só consigo enxergar o que lhes cobrem, o que calçam, como se penteiam, qual a cor de suas peles a fim de se pensar estar descobrindo suas origens.
Terão sonhos a/os contadora/es?
Por que não falam? Por que não sorriem? Perderiam a conta se se dessem a tal prazer momentâneo?
Tudo bem, tudo bem, respeitemos a/os contadora/es noturna/os. Deixai que executem seu serviço sem a interferência de meu olhar curioso necessitado do sorriso de todos, da piada cotidiana, do encanto de se fazer o que gosta.
Não, a/os contadora/es não têm sonhos. Como quem de nada se acostumou a gostar, à/aos contadora/es só interessam os códigos de barra. E seu salário correto no final do mês, certamente. Se fosse permitido à/aos contadora/es escolherem o que contar acho que escolheriam notas de dinheiro. Moedas talvez num grau menor, dado o aumento de trabalho. Aí se veria de mais imediato o que estão a produzir.
Como não conhecem o conceito de mais-valia, nada que perigue revolucionar a cabeça do/a contador/a. Tranquilidade para o patrão, mesmice de um emprego seguro para o/a contador/a.
Um dia contratarei alguma/uns contadora/es para contarem os fios de meu cabelo rebelde. Quero senti-la/os mais próximos, quase que como a exporem seus sentimentos ao tocarem em minha cabeça.
Enquanto contam, contar-lhes-ei minha vida. É uma forma de ser contadora também. Quem sabe assim eu não me aproximo do mecanicismo de seus trabalhos.
Só que ao invés de contar minha vida como se tudo fosse incrível ou repleto de dramas e suspenses, contarei mo-no-to-na-men-te, como quem bipa código de barras de produtos. Fa-la-rei-no-mes-mo-rit-mo, sem graves alterações, sem sorrisos, sem remelexos.
Serei grave, como convém a um/a contador/a.
Ao chegarem à contagem do último fio, estarei neste mesmo instante sendo narradora do momento atual. O momento em que a/os contadora/es terminam de contar os meus fios de cabelo. Em comunhão de ato e história, perceberão a/os contadora/es estarem eles, ali, naquele instante, saindo do mundo dos dígitos para fazerem parte da história real de minha vida?
(Bárbara Esmenia: 08/11/2010)
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
quinta-feira, 26 de julho de 2012
MESA DE DEBATE - ÉPICO E DRAMÁTICO: DUAS ESTÉTICAS EM DISCUSSÃO
Mesa Redonda "Épico e dramático duas estéticas em discussão"
No dia 27/07, às 19h30, será realizado no Periferia
Invisível uma mesa de discussão, que faz parte do processo de montagem
da peça História de Amor, que estreia ainda esse ano na Associação.
A
conversa girará em torno das estéticas/gêneros/formas Épica e
Dramática. Suas relações, oposições, características e afins e contará
com alguns convidados, como Bárbara Esmênia, do Coletivo Transitório, e o
Grupo do Balaio. A mediação fica a cargo de Mariana Cury, diretora do espetáculo "História de Amor".
A participação do público nesse processo de discussão é muito
importante e contribuirá para o entendimento de alguns elementos
presentes no enredo da peça.
A entrada e participação é gratuita, bastando comparecer ao espaço da Associação Periferia Invisível no horário do evento.
sexta-feira, 22 de junho de 2012
PERCURSOS POETICOS NA METROPOLE - TRAJETO 7: SEM ACENTO
O vento que bate nas folhas.
Meu olhar entre elas busca a recordação de seus olhos que me miravam em um passado recente.
Por vezes, transpus as folhas, busquei o interno das seivas - frio gosmento escorrendo por entre os caules.
Olhe para mim, não abandone este momento.
A noite é plena e a ventania dispara nas luzes um raio que corta o ar ferozmente.
Quem me disse que as coisas não sentiriam o peso de um despertar novamente?
É garota Bárbara, tu pensaste que seria a última vez? Aquela que hoje recordo como a vez das esperanças perdidas?
Não. Acomode-se, ainda é cedo para horizontalizar um coração que segue pulsante.
Pulso constante, em ritmo, não congela.
No momento bate cada-vez-mais-forte-em-um-crescente-que-não-para.
Oh, estou viva! Sinto isso novamente atingindo verticalmente meu coração que por um momento pensou não-mais-nunca sentir-se assim outra vez.
quarta-feira, 6 de junho de 2012
PENSAMENTOS NOTURNOS
Por vezes, aos poucos, no adentrar da noite, me encontro frente à frente ao que eu deveria ser cotidianamente. Vejo uma mulher, ainda jovem, cabelos desgrenhados, olhos profundos, corpo volumoso.
Uma menina que os anos vão levando e que, aos poucos, carrega seu corpo sem compreender muito bem para que ou, talvez, para quem se destina.
É uma massa disforme que se arrasta pelas ruas, adentra casas, lojas, bibliotecas; mexe-se num cosmo que não lhe pertence.
Os anos parecem-lhe sinônimo de corrupção do espírito, deletério do corpo, danoso à alma.
De quanto em quanto tempo retornarão estes suplícios?
Quantos martítrios perseguirão minha vida ao longo da estreita passagem dos anos?
Antes o pisar de incertezas que por vezes ainda conserva a piedade. Nunca deite em mim verdades absolutistas. Deixe-me viver com as minhas ilusões.
Eu vou viver, eu vou...
terça-feira, 29 de maio de 2012
PERCURSOS POÉTICOS NA METRÓPOLE - TRAJETO 6: REENCONTRO
"Tudo pela arte", certamente alguém já disse.
As panelas, os frascos, os isqueiros, as bobinas.
A arte pelo todo.
O prolongamento de um encontro fortuito no banheiro com alguém que em um passado recente foi por vez um grande amor. Esse alguém que por longas noites pratiquei meu exercício de olhar fundo em sua pele e dediquei-me a exercer naqueles minutos a delicadeza mesclada ao assombro dos gestos de quem se ama.
Esse alguém por quem você indibutavelmente caminharia por toda a universidade, decalça se preciso fosse, para a ela conseguir o volume de um livro; - um texto, um artigo, um conto, um poema, a metade de um único verso que fosse.
Encontro que se arrasta por mais tempo do que deveria durar.
O retorno -Por que sempre eu retorno?
Desta vez, entretanto, houve a concretude mascarada em justificativa: a necessidade de um livro.
Retorno não ao revisionismo a quem se acredita, por vezes, contudo, oras bolas, ainda amar. Mas sim, retorno à necessidade de levar para a casa o exemplar daquele raro livro tão desejado de se alumbrar.
Antes de tudo, há a arte.
Andaria ela por mim descalçada pelos corredores da universidade?
Quem me dera ainda poder responder que sim.
Ah vida que não se reciproca.
Ah atos que não se intercambeiam.
Emoções que não se correspondem.
Por que, meu Deus, por que faz de mim ainda prestativa aos seres que amei(o)?
Por que não me deixas abandonar tal criatura?
Permita a mim praticar meu exercício de alteridade sentindo o mesmo que por mim ela agora sente: a indiferença.
É justamente porque sei que o contrário do amor não é o ódio, e sim esta mesquinha indiferença que deita raízes naquele corpo que um dia afirmou me amar.
Enquanto eu odiar será ainda meu travestimento para com quem contínuo amo. Meu disfarce de carnaval. Pobre menina dando nó no elástico da máscara frente a frente de supetão.
Novamente eu pergunto:
"Por que me abandonaste?"
-para quem acompanha meus Percursos, o de hoje não leva citações pois estou oca de sustentação poética. Seca.
E, talvez, por que não, estou farta de todo o lirismo.
à guisa de não-identificação: o eu-lírico não sou eu!
segunda-feira, 21 de maio de 2012
CINECLUBE PIPOCA COM BATOM
CINECLUBE PIPOCA COM BATOM
Local Memorial Penha de França: Rua Betari, 560, Penha (próximo ao Metrô Penha)
Filme do Mês:
26/Maio
O PIANO
Direção: Jane Campion
Ano 1993 (Nova Zelândia)
Duração: 121 minutos
Na época vitoriana, quando a Nova Zelândia estava há pouco tempo sendo colonizada, para lá se muda Ada McGrath (Holly Hunter), um mulher que quando tinha seis anos de idade resolveu parar de falar. Ela vai na companhia de sua filha, Flora (Anna Paquin). O motivo de ter ido para lá é que Ada se casou com Stewart (Sam Neill) em um casamento arranjado, já que ela nem conhecia seu noivo. Ada imediatamente antipatiza com Stewart quando ele se recusa a transportar seu amado piano. Stewart negocia o instrumento e o passa para George Baines (Harvey Keitel), um administrador da região. Atraído por Ada, Baines concorda em devolver o piano em troca de algumas lições no instrumento, que Ada daria para ele. Mas estas "aulas" se tornam encontros sexuais cada vez mais intensos, onde Baines pagava Ada com uma ou mais teclas do piano, sendo que o pagamento estava relacionado à intensidade de intimidade proporcionada. Porém, logo esta situação sai do controle, gerando trágicas consequências.
quarta-feira, 16 de maio de 2012
PERCURSOS POÉTICOS NA METRÓPOLE - TRAJETO 5: DO TEMPO
"Porque isso pode bastar para precipitar todos os rancores e todos os cansaços ainda em suspenso"
O que para hoje sempre pende, pende.
Estado de permanente suspensão.
Antes - ontem - tivesse eu tentado um pulo precipitado e todos os elementos que - hoje - me rodeiam não se chamariam presentes. Talvez insistissem no pouco título de passado remoto. Já era. Zé fi ni.
A diferença de duração e tempo está nos valores atribuídos a cada nomenclatura.
É como se a duração propusesse algo ocorrido antes e a segurança de um depois.
A duração é o entre.
Por sua vez o tempo é o que se presentifica. Ao mesmo tempo, por que não?, em que pode nele ser amontoado o passado.
"O presente é uma mínima partícula que vem empurrada pelo passado e já roendo o futuro"
Tremor perante os roedores.
Quisera eu roer o tempo com tamanha voracidade voluntária. Mas, por vezes, é ele quem me roi, me devora.
Nesse quesito, eu por vezes involuntária.
"O capitalismo é o senhor do tempo, mas tempo não é dinheiro. Isso é brutalidade. O tempo é o tecido de nossas vidas"
O tecido de nossas vidas.
Não, não é dinheiro. Mas como aproveitá-lo?
"Meu tempo?
É quando"
citações:
-O absurdo e o suicídio, Albert Camus
-Matéria e memória, Henri Bergson
-professor Antonio Candido em discurso proferido na inauguração da Escola Nacional Florestan Fernandes
-Oração ao tempo, Caetano Veloso
terça-feira, 8 de maio de 2012
PERCURSOS POÉTICOS NA METRÓPOLE - TRAJETO 4: ELA
"Ela é tão bonita. Ela é tão bonita que na certa eles a ressuscitarão"
Das tardes que não se traduzem;
Dos ritmos que não se destroçam;
Dos encontros que não desapontam;
Dos andares que não determinam;
Das conversas que não se dispersam;
Dos olhares que não se desviam;
Dos toques que não se encostam;
Das bocas que não se arriscam.
"Se em um instante se nasce, e se morre em um instante, um instante é bastante para a vida inteira"
Congela pequenos detalhes na 'parede da memória':
(usava ela brincos?)
(qual o formato de seu colar?)
(de que modo ela abria a carteira?)
(como jogava para trás os cabelos?)
"-Venha até a borda.
-Não, iremos cair.
-Venha até a borda.
-Não, iremos cair.
Ela foi até a borda, eles a empurraram e ela voou"
Do corpo que se lança, mas, então, recua.
Avanço rápido do desejo, projeção do que "poderia ter sido e que não foi".
Ímpeto frenético do encontro, o ritual do sacrifício da concretização de Eros.
Por ora
...
é tempo de espera.
citações em vermelho:
-O amor, Caetano Veloso sobre poema de Vladimir Maiakóvski
-A maçã no escuro, Clarice Lispector
-Como nossos pais, Belchior
-Guillaume Apollinaire
-Pneumotórax, Manuel Bandeira
-para ouvir em seguida:
domingo, 6 de maio de 2012
PERCURSOS POÉTICOS NA METRÓPOLE - TRAJETO 3: DO QUE DISSERAM
"Quem é alguém que caminha
toda a manhã com tristeza
dentro de minhas roupas, perdido
além do sonho e da rua?"
Disseram-me que era preciso aprender a ser adulta.
Mas o que fazer se meus pés ainda pisam os tênis? Se meus ombros que deveriam suportar o mundo ainda carregam mochilas? Se minhas mãos ainda amassam pacotes de biscoitos e o batom permanece intocável na prateleira?
Disseram-me que era preciso aprender a ser séria.
Mas o que dizer quando tudo é motivo de riso? Quando o patetismo absurdo extrapola a coerência lógica das palavras e das coisas? Quando uma única madrugada lúdica com pessoas amigas faz muito mais sentido do que todo um estudo da conjuntura?
Disseram-me que haveria uma guerra.
Será com tênis no pé, mochila nas costas e gracejos na língua que me posicionarei perante.
citações:
A viagem, João Cabral de Melo Neto
Os ombros suportam o mundo, Carlos Drummond de Andrade
As palavras e as coisas, Michel Foucault
Sentimento do mundo, Carlos Drummond de Andrade
quinta-feira, 3 de maio de 2012
PERCURSOS POÉTICOS NA METRÓPOLE - TRAJETO 2: MOMENTO SOLO
Movimento único
Drummond escreveu que "Este é tempo de partido, Tempo de homens partidos".
Corro a cidade em busca de homens e mulheres inteiras, plenas, quando não à procura de rostos que já não as pertencem.
Deparo-me com cortes, barreiras.
Lombadas, cortinas.
Contornos, esteiras.
Prefixos, urinas.
Acordos tácitos, por vezes ilícitos.
Desejo de se chegar a um onde. (Aonde?)
Por ora, não fazem mais da partilha uma entrega ao tempo.
Somente quem (com)partilha migalhas merece a devoção daquele que insiste. Que busca. Em busca.
Será este um tempo perdido? Tempo de homens e mulheres perdido/as?
Olhos trêmulos pelas ruas, corpos trôpegos nas esquinas.
[era tempo de não tentar ser lírica.
mas se esqueceram de queimar A rosa do povo de minha estante]
citação:
Nosso tempo, Carlos Drummond de Andrade
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Percursos poéticos na metrópole - cena 1: Geandra
Por vezes os poemas fazem mais sentido do que a existência.
Quando a realidade não se cristaliza em significâncias que extrapolam a esfera do meramente visível, seguramente a disponibilidade das palavras que se entrecruzam criando outras concatenações é fonte certa que nos arremata a alma.
Esta cena primeira é compartilhada com Geandra e composta de Drummond, Lispector, dona Bastu...
Movimento número 1: "Chega um tempo em que não se diz mais Meu Deus, tempo de absoluta depuração".
Saio de casa a fim de ir à aula. É sexta-feira, único dia em que tenho aula à tarde. No caminho sou interceptada por um telefonema.
Movimento número 2: "O inesperado bom também acontece".
Amiga Geandra com um belo convite ao cinema. Girimunho. Cinesesc. Conversa que pende, pende... Topo. Cancelamento de aula.
Movimento número 3: "O último dia do ano não é o último dia do tempo"
Retirada de ingressos ao teatro. Chego cedo, ingressos disponíveis, não os retiro. Aguardo amiga Geandra para podermos pegar lugares juntas. Ela chega: ingressos esgotados. Fila de espera? Retornaremos em 4 horas, obrigada.
Movimento número 4: "Não se é novo nem velho"
O digital (tão mais belo era escrever 'a película') nos destemporiza, somos conduzidas ao tempo diegético das imagens. Ge se emociona, eu me desloca da vida.
Movimento número 5: "A vida apenas, sem mistificação"
Fila de espera para o teatro. Vidas atualizadas. Ge: -Já que você gosta de recitar poemas, ouça este! E lá vem Pessoa, Drummond, Castro Alves, Caeiro, Bandeira e também canções: Chico, Bethânia... e a vida apenas...
citações:
movimento 1: Os ombros suportam o mundo, Carlos Drummond de Andrade
movimento 2: Clarice Lispector em carta à amiga Olga Borelli
movimento 3: Passagem do ano, Carlos Drummond de Andrade
movimento 4: dona Bastu, filme Girimunho
movimento 5: Os ombros suportam o mundo, Carlos Drummond de Andrade
segunda-feira, 26 de março de 2012
Grande ato/denúncia dos trabalhadores e trabalhadoras de teatro em luta
É CHEGADA A HORA DE COBRAR NOVAMENTE UMA POLÍTICA ESTRUTURANTE PARA O BRASIL!
GRANDE ATO / DENÚNCIA DOS TRABALHADORES E
TRABALHADORAS DE TEATRO EM LUTA
DIA 27 DE MARÇO DIA INTERNACIONAL DO TEATRO E NACIONAL DO CIRCO
Apropriaremos-nos do formato da Escola de Samba pra sair às ruas de São Paulo num ato que mescla “Festa e Denúncia”.
O Ato terá inicio às 12h no Teatro Municipal de São Paulo e na seqüência ganhará às ruas em Cortejo para dialogar com a população que receberá a Carta Denúncia.
Na Comissão de frente teremos a figura da MADRINHA LADY ROUANET acompanhada de seus serviçais e cortejada pelas Secretarias e Ministério da Cultura.
AOS GRUPOS DE TEATRO SOLICITAMOS:- Chegar ao Teatro Municipal pontualmente ao meio dia para organizarmos as ALAS.
- Se possível escolher alguns músicos do grupo pra fazer parte da ALA dos Músicos (Bateria), pois os mesmos irão compor e ensaiar o repertório do Cortejo em frente ao Teatro Municipal em espaço aberto. Cada coletivo se comprometerá de trazer os seus instrumentos. (A idéia é usarmos o repertório dos nossos espetáculos).
- Cada grupo ficará responsável pela sua atuação, produção e performance no trajeto, é importante termos a devida organização pra que cada ALA seja bem vista. Não necessariamente precisa fazer alguma apresentação, se quiser pode apenas cantar as músicas que serão propostas e distribuir a Carta Denúncia.
- Pedimos que venham caracterizado(a)s com figurinos de seus espetáculos, maquiagem, estandartes e mega-fones.
- Cada grupo escolhe um responsável pra organizar a distância entre uma ala e outra.
AOS MOVIMENTOS SOCIAIS E ORGANIZAÇÕES SOLICITAMOS:- Presença dos companheiros(a)s pra endossar a luta.
- E que se distribuam nas ALAS que serão formadas.
No dia formaremos as ALAS “DAS PLACAS” (que cobram uma política estruturante) e “DOS MORTOS DO TEATRO E OUTROS QUE QUEIRAM PROPOR”.
Compareça!
Dia 27 de Março de 2012 às 12h.
No Teatro Municipal de São Paulo
Praça Ramos de Azevedo, S/N
Informações: (11) 8121-6554 ou 9592-0945
Movimento de Teatro de Grupo
Carta Denúncia - Dia Internacional do Teatro
CARTA DENÚNCIA
Dia Internacional do Teatro
Denúncias
NESTE 27 DE MARÇO DE 2012 – DIA INTERNACIONAL DO TEATRO E DIA NACIONAL DO CIRCO – NÓS, COLETIVOS ARTÍSTICOS COMPONENTES DO MOVIMENTO DE TEATRO DE GRUPOS DE SÃO PAULO, MAIS UMA VEZ, EXIGIMOS POLÍTICAS PÚBLICAS QUE ESTEJAM À ALTURA DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO PAIS, SEJAM EFICAZES E TENHAM CONTINUIDADE. ENTENDEMOS QUE O CUMPRIMENTO DESSAS PROPOSIÇÕES ATENDE NÃO APENAS AOS PROFISSIONAIS DE TEATRO, MAS CONTRIBUI PARA A GARANTIA DO ACESSO E A FRUIÇÃO DOS BENS CULTURAIS A TODA POPULAÇÃO.
Reafirmamos nossa luta histórica contra as leis de renúncia fiscal que ao longo de suas existências revelaram-se como um mecanismo perverso, utilizado para carrilhar os poucos recursos públicos para os interesses privados das corporações. Reafirmamos a defesa dos espaços públicos para o interesse público, assim, nos manifestamos contra qualquer proibição ou burocratização para utilização desses espaços por parte do teatro de rua ou demais artistas, bem como defendemos que os espaços públicos ociosos sejam ocupados para o desenvolvimento de atividades artísticas e culturais.
No âmbito Federal: Repudiamos o não comprometimento do Executivo Federal e do Congresso Nacional com o Projeto de Lei de Fomento ao Teatro Nacional – Prêmio Teatro Brasileiro. A demora na sua aprovação é um impedimento à democratização dos recursos para as artes cênicas no país. Denunciamos a falta de planejamento do Ministério da Cultura que tem abandonado os profissionais de teatro na condição da mais completa incerteza, sem saberem como e quando os editais federais serão lançados, julgados, contratados e, principalmente, pagos. Denunciamos a descontinuidade e a precarização das ações culturais já existentes tais como os Pontos de Cultura.
No âmbito Estadual: Denunciamos a falta de iniciativa do Executivo Estadual em defender a equiparação entre os recursos destinados à renúncia fiscal e os editais (ProAC ICMS e ProAC editais), defendida pela Comissão de Educação e Cultura da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; defendemos a retomada das discussões sobre a implantação do Fundo Estadual de Arte e Cultura. Repudiamos a privatização da cultura pela renúncia das atribuições da Secretaria Estadual da Cultura em favor das chamadas "Organizações Sociais" e a política cultural com foco na construção de edificações em detrimento das ações culturais que efetivamente envolvam os artistas e a população.
No âmbito Municipal: Repudiamos a crescente interferência do Executivo Municipal nas leis de fomento ao teatro e à dança, levando a uma burocratização mortal ao processo criativo. Denunciamos ausência de novas leis e programas que dêem conta da crescente demanda da cidade e a precarização de algumas ações culturais tais como o Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais (VAI), o Projeto Piá e a programação cultural dos CEUs.
Movimento de Teatro de Grupos de São Paulo
In memorian
Abdias do Nascimento
Ademar Guerra
Adilson Barros
Alberto GuziK
Alberto D'Aversa
Alfredo Mesquita
Altair Lima
Anatol Rosenfeld
Antonio de Andrade
Ariclê Perez
Armando Bogus
Augusto Boal
Arrelia
Benedito Corsi
Benajmin de Oliveira
Cacilda Becker
Campelo Neto
Cláudio Correa e Castro
Cláudio Mamberti
Carlos Zara
Carlos Miranda
Carlos A. Sofredinni
Carlos Augusto Strasser
Carlos Queiroz Telles
Carequinha
Chico Martins
Ciro Del Nero
Chiquinho Brandão
Chicharrão
Célia Helena
Consuelo Leandro
Dina Sfat
Dias Gomes
Dionísio Azevedo
Décio de Almeida Prado
Dulcina de Moraes
Eduardo Conde
Edith Siqueira
Elísio Albuquerque
Eugênio Kusnet
Fernando Peixoto
Fernando Torres
Felipe Carone
Flávio Rangel
Flávio Império
Francisco Milani
Francarlos Reis
Fredi Kleemmann
Gianfrancesco Guarnieiri
Gianni Ratto
Gerson Abreu
Grande Otelo
Heleny Guariba
Hugo Della Santa
Iara Amaral
Ivan Albuquerque
Irina Greco
Isabel Ribeiro
Ítalo Rossi
João Albano
João Cândido Galvão
John Hebert
José Ferro
José Renato Pécora
Jorge Andrade
João Apolinário
Laerte Morrone
Lélia Abramo
Leina Crespi
Leonor Bruno
Lenine Tavares
Lílian Lemmertz
Lineu Dias
Lino Rojas
Luis A. Martinez Corrêa
Luís Sérgio Person
Luiz Armando Queiroz
Maria Duschenes
Mário Lago
Marlene França
Madame Morrineau
Mazzaropi
Miroel Silveira
Myrian Muniz
Mylene Pacheco
Olair Cohan
Oswaldo Barreto
Osmar Rodrigues Cruz
Oduvaldo Viana (pai)
Paulo Autran
Paulo Lara
Paulo Mendonça
Paulo Pontes
Paulo Villaça
Paulo Wolf
Paulo Yutaka
Patrícia Galvão
Petrônio Nascimento
Plínio Marcos
Piolin
Procópio Ferreira
Rafael Carvalho
Raul Cortez
Renato Consorte
René Gumiel
Reinaldo Maia
Ricardo Bandeira
Roberto Crosco
Roberto Freire
Rogério Cardoso
Rodolfo Mayer
Rodrigo Santiago
Rui Afonso
Rubens Corrêa
Rubens Brito
Ruthinéia de Moraes
Sadi Cabral
Sandra Bréa
Sandro Polônio
Sérgio Brito
Sérgio Cardoso
Sérgio Viotti
Sérgio Ropperto
Serafin Gonzáles
Tácito Rocha
Timochenko Webbi
Toresmo
Toninho Dantas
Vianinha
Walter Avancini
Walter D'Ávila
Waterloo Gregório
Yan Michalsky
Zanone Ferrite
Zé Vicente
Ziembinski
A esses artistas e tantos outros que por qualquer lapso de memória não se encontrem relacionado(a)s, dedicamos este 27 de março de 2012.
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