Por vezes, aos poucos, no adentrar da noite, me encontro frente à frente ao que eu deveria ser cotidianamente. Vejo uma mulher, ainda jovem, cabelos desgrenhados, olhos profundos, corpo volumoso.
Uma menina que os anos vão levando e que, aos poucos, carrega seu corpo sem compreender muito bem para que ou, talvez, para quem se destina.
É uma massa disforme que se arrasta pelas ruas, adentra casas, lojas, bibliotecas; mexe-se num cosmo que não lhe pertence.
Os anos parecem-lhe sinônimo de corrupção do espírito, deletério do corpo, danoso à alma.
De quanto em quanto tempo retornarão estes suplícios?
Quantos martítrios perseguirão minha vida ao longo da estreita passagem dos anos?
Antes o pisar de incertezas que por vezes ainda conserva a piedade. Nunca deite em mim verdades absolutistas. Deixe-me viver com as minhas ilusões.
Eu vou viver, eu vou...
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