quinta-feira, 18 de julho de 2019


"nunca foi só pelo amor.
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e sempre que escutava ser amor palavra-apelo para justificar as vivências lgbt+ torcia a cara de tal maneira que qualquer que fosse criancinha a passar e flagrá-la na expressão diria de imediato à mãe que aquela ali comeu e não gostou.
não era só pelo amor.
pois que já tinha comido e tinha gostado num tanto sendo rompante pralém do que tinha vivido até então que cambiar sentir-atração, sentir-desejo, sentir-tesão pelo sentir-amor não cabia em acúmulo o que na soma era não.
e quando escutava que todo mundo deveria respeitar pessoas dissidentes sexuais porque, afinal, é só amor, se lembrava do corpo vibrando à toa, metido em pensamentos com aquela que nem sequer amava. e se lembrava das histórias de orgias que as amigas e ela vez e outra se metiam - que não tinha nada que ver com amor não; nada que ver com esse da caretice, por vezes disfarçada de apego, de controle, possessão.
mas que tinha que ver com amor outro-ângulo (ou só amor mesmo, no profundo léxico significante), coletivizado, reflexo de um tempo buscado, 'inda que nem sempre alcançado não.
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e pensava se esses que justificam que vivam os corpos lgbt+ pela via do "é só amor", se defende-os também na via do desejo, na via da sacanagem, na via da putaria. nas vias-chave que a heteronorma masculina sempre se fez pertencente na surdina, no privado, mantificada pelo só amor chave cristã casal-dupla para todo o sempre amém.
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nunca foi só pelo amor.
e se perguntava em silêncio se isso fazia diferença; se com quem-quanta(o)s-como se dorme/transa/fode se faz diferença para o que clamam respeito, para ideal de cuidado, para viver todo mundo sem socos, sem xingos, sem medos. sem corpos violados, interrompidas existências, futuros limados.
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não.
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nunca foi só pelo amor não".
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[notas para um escrita]



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