foto: Rosilene Cordeiro |
juntar argila por argila
apalpada mãos por mãos
seja formato pãozinho
seja camada sobreposta
retirada nos dedos
esgarçada nas unhas
entumescida nas pálpebras
a sair d'encostas nortistas
moldar no palma a palma
o justo sentido
entregue somente pelo encontro sete-mulheres frente-rio
num imenso território ancestral
não escapando visão que as atinja
a multiplicar na própria forja
para que
- encontro beira-rio
a curvar amazônicas
possamos nós sete
trombarmos no próprio corpo molde-mulher
esculturar ser vivente no alinhar necessário aos passados
- porque de futuros já nos basta o que aí está! -
costas a costas ser ela coluna satisfeita
entendida de seu estar norte-sul em vida
perna a coxa enrijecer musculares
conscientes dos caminhos tomados
das andanças corre feiras
sobe ladeiras
desce ruas
plexo completo a receber em cada peito
as demandas dos dias
- sejam elas de afeto,
- sejam elas de afronta -
forjar mulher desquebranto
e perceber
em seu estar pleno recém-composto
no de fronte que a vemos criatura
é
- em mútuas carícias -
nós sete mesmas
assim como cá somos
altura-feitio dos nossos
os próprios vivos sonhos
(Ilha de Cotijuba, Belém, Pará)