sexta-feira, 22 de junho de 2012

PERCURSOS POETICOS NA METROPOLE - TRAJETO 7: SEM ACENTO

O vento que bate nas folhas.

Meu olhar entre elas busca a recordação de seus olhos que me miravam em um passado recente.

Por vezes, transpus as folhas, busquei o interno das seivas - frio gosmento escorrendo por entre os caules.

Olhe para mim, não abandone este momento.

A noite é plena e a ventania dispara nas luzes um raio que corta o ar ferozmente.

Quem me disse que as coisas não sentiriam o peso de um despertar novamente?
É garota Bárbara, tu pensaste que seria a última vez? Aquela que hoje recordo como a vez das esperanças perdidas?

Não. Acomode-se, ainda é cedo para horizontalizar um coração que segue pulsante.

Pulso constante, em ritmo, não congela.

No momento bate cada-vez-mais-forte-em-um-crescente-que-não-para.

Oh, estou viva! Sinto isso novamente atingindo verticalmente meu coração que por um momento pensou não-mais-nunca sentir-se assim outra vez.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

PENSAMENTOS NOTURNOS

Por vezes, aos poucos, no adentrar da noite, me encontro frente à frente ao que eu deveria ser cotidianamente. Vejo uma mulher, ainda jovem, cabelos desgrenhados, olhos profundos, corpo volumoso.

Uma menina que os anos vão levando e que, aos poucos, carrega seu corpo sem compreender muito bem para que ou, talvez, para quem se destina.

É uma massa disforme que se arrasta pelas ruas, adentra casas, lojas, bibliotecas; mexe-se num cosmo que não lhe pertence.

Os anos parecem-lhe sinônimo de corrupção do espírito, deletério do corpo, danoso à alma.

De quanto em quanto tempo retornarão estes suplícios?
Quantos martítrios perseguirão minha vida ao longo da estreita passagem dos anos?

Antes o pisar de incertezas que por vezes ainda conserva a piedade. Nunca deite em mim verdades absolutistas. Deixe-me viver com as minhas ilusões.

Eu vou viver, eu vou...