Quando pensei em realizar a oficina Pra Queda Heteropatriarcal: Teatro das Oprimidas e Estudos Lesbofeministas, a ideia era essaqui mesmo: juntar um bonde de sapatãs e mulheres - sobretudo pralém da normativa sexo-afetiva, pralém da heteronormatividade compulsória - ou ao menos com o desejo de investigar isso e questionar enquanto estrutura mesmo, pralém do desejo sexual; e pralém dessa coisaí de amor romântico que é apreço atrelado ao patriarcado estrutural também, na manutenção do poderio sobre outras corpas - bem a cara da colonização isso. Pralém.
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E, nesse coletivo, investigarmos formas, ritmos, sons, gestos, possibilidades tantas de estudarmos as expectativas y regras sobre nossas corpas y o tanto possível enquanto propulsão libertadora a partir de um pertencimento a essa mesma corpa, essas mesmas nós mesmas. Esse mesmo tanto potente dentro de nós que é força pro motor da queda heteropatriarcal pelo qual nos empenhamos nesses encontros ainda iniciais, ainda recentes, mas que já pululam no tanto em nossas mentes. Construção de novos imaginários.
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Se Octavia Butler, numa de suas obras nos indica que somos hoje o que nossa/os ancestrais sonharam y, podada/os à guisa de processos escravocratas, somos nós hoje esse antes-futuro tempo sonhado, eis que a gente se encontra numa oficina de teatro das oprimidas para pensar sim a queda heteropatriarcal, para estudá-la, sorrateirá-la, criarmos dinâmicas de destruição.
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Que nem são novas não, são é antigas mesmo. Sipá foram feitas pelas caçoaimbeguiras quando chegada europeus cá abya yala, sipá foram feitas icamiabas quando enfrentaram y derrubaram espanhóis caracara, sipá lá noutro continente foram feitas quando em ilha lesbos elas se roçavam.
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Sipá somos nós mesmas, nesse tempo-agora, nesse ciclo práxico-teórico, sonhando os imaginários para os futuros. Sonhando-os y construindo-os, na mesma dinâmica que fizeram as ancestrais. E que sorrimos vivas na foto hoje justo-justinho por elas.
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Seguimos criando.
Gerando epistemes para tempos à chegança no pós-nós.