segunda-feira, 28 de abril de 2014

UM CONTO POR SEMANA: A DAMA DO CACHORRINHO, ANTON TCHEKHOV



A DAMA DO CACHORRINHO (1899) - ANTON TCHEKHOV (escritor russo: 1860-1904)

"Ninguém pode escrever com tamanha simplicidade, sobre coisas tão simples, como você. Depois do mais insignificante de seus contos, tudo o mais parece grosseiro e escrito não com a pena, mas com um pedaço de pau"

Foi assim que Máximo Górki escreveu em carta à Tchekhov para descrever seu sentimento após a leitura do conto A dama do cachorrinho.

Esta "simplicidade das coisas simples" pode ser descrita no enredo do conto, contado em poucas linhas: Dmítri Dmítrich, casado e envolvido em muitas aventuras amorosas, conhece uma mulher - a dama do cachorrinho, Ana Sierguéievna, também casada - e ambos iniciam um caso.

É somente isto que leva Tchekhov a penetrar em grandes questões psicológicas que vão desde a moralidade familiar até a mediocridade do cotidiano das vidas. Aí está o grande ganho do autor: a penetração no cotidiano de algumas personagens, o retrato um pouco mais profundo de pessoas comuns daquela sociedade russa nos finais do século XIX, num movimento que leva do micro ao macrocosmo no desvelar do conservadorismo da época.

Para ler o conto, acesse:

(*UM CONTO POR SEMANA é um projeto de leitura de um conto literário por semana, seguido de um mísero esboço de escrita para publicação neste blog. Início: 28/04/2014)

sábado, 26 de abril de 2014

OUTRORA

É vibração noturna.

O que dirão os experimentos?

Da queda de um raio
buscam efeitos o clima estufa

Algo mudou

Quanto girou

- Por vezes lembrar que a alternância é regra dos espaços -

Seguro.
Concreto.

Mas aqui dentro;
no espaço estreito em que me encontro;
a vastidão tornou-se imprópria,
escapou em fuga,
já não coube em mim.

Fiquei cá eu,
miudinha,
amuada,
a me lembrar de outrora.

Outra hora em que eu diria sim.


quarta-feira, 9 de abril de 2014

NOVO CORDEL EM PROCESSO: AINDA SEM TÍTULO


1.
Mais um dia na rotina
É ver uns trabalhadores
E também trabalhadoras
Replicando suas dores
Na labuta, no cansaço
Procurando seus espaços
Nesta pátria sem amores

2.
Meia-noite no relógio
Fim do dia em mais um lar
Muitas horas no busão
Pra família enfim deitar
Na barriga nada resta
Muitos poucos fazem a sesta
Do que pode semear

3.
-Semear, cara poeta?
Mas como é que se pode
Se a comida é comprada
E nóis pobre é que se fode
Tudo industrializado
Embalado, empacotado
É só transgênico em lote?

4.
-Como é que eu semeio
Se não tenho a tal da terra
Se sou filha de escravos
Das matas secas, das serras.
Se no reparte do chão
Minha parte eu tive não,
Me sobrou foi a espera.

5.
-Espera esta sofrida
Que já duram muitos anos
De querer revolução
Armada com bombas, canos
Se tocar em mim explode
Fique esperto, não me fode
Hoje não tô pra fulanos

6.
Fulaninhos imbecis
Que me olham cima a baixo
No instinto mais primata
Reforçando que são machos
Me enxergam só mulher
Querem fazer o que quer
Com meu corpo igual um cacho

7.
Não me toque, não te quero
Se quisesse eu diria
Pois sou uma destas minas
Que todos chamam vadia
Só por fazer o que quero
Sem ligar pra lero-lero
Do que a geral diria

8.
Mas voltando à questão terra
O que nos resta é a luta
De retirar propriedade
De todos que nos usurpam
Sejam eles estrangeiros
Ou nacionais corriqueiros
O alvo reforça a conduta

9.
A equação é bem simples
Tendo uns muito demais
Para outros não há nada
Se tu quer mundo de paz
É dado o fim capital
Da base comercial
E dos problemas centrais

10.
-Aí, se levante comigo
Transforme esta poesia
Erga as armas que são punhos
Com enxada a mais-valia
Tirem fora os grilhões
Eu vos abraço, milhões
Como o título de Scliar

11.
-Somemos na luta agora
Contra o grande capital
Combatendo a hegemonia
Do horror neoliberal
Só mais uns dias, patrão
Logo tu ficas no chão
Do grande levante geral